De olhos fechados
Perdemos a conta do tempo
Perdemos a conta dos dias sem tempo
Ou perdemos o tempo nos dias?
De olhos fechados
Somamos as folhas, os juízos, os artigos
Voamos calendários
Coleccionamos histórias
E equacionamos
Os silêncios que guardam a culpa
Os silêncios que calam mas não consentem
Os silêncios de quem nada pode
Os silêncios de quem tudo deve
E ponderamos
O tempo que escasseia e encarece
Que não pertence e não se prende
Raro mas devido
Estimado mas perdido
De olhos fechados
Coleccionamos histórias
As nossas
As deles
A vida que se decide
E a balança pende
Entre a verdade
E a falta dela
Entre a culpa
E a falta dela
Entre o castigo
E a recompensa
Pelo compromisso
E o tão aclamado sacrifício
Nas histórias guardadas
Nas horas quebradas
Nas vidas que não se contam
No destino que persiste
Na realidade do tempo que não existe.
Diana Tato